Mas hj eu estou aqui de volta, adiando mais uma vez a parte 2 do São João, desta vez para falar da ultima “trilha” (que não foi uma trilha, foi uma “pequena” caminhada de 10 km com 800 kg de bagagem nas costas).
Tudo começou em campina grande...
Eu tinha uma mochila, duas barracas, dois colchonetes e uma mesa (sim, uma mesa... mas era pequenininha e dobrável de modo a ficar compacta igual a uma barraca) pra levar pra a rodoviária e não rolava ir a pé, por isso peguei um mototaxi...
Pela primeira vez eu cheguei ao local de encontro antes de Jéssica (pra quem não sabe, eu sou atrasado profissional), que chegou atrasada por causa do busão que vinha de ré e nós tivemos que pegar outro ônibus...
Galera na rodoviária de JP
Chegamos em jampa, pegamos o busão pra baía da traição, chegamos na casa do índio, Jessica quebrou o balanço e depois consertou... eu tinha que organizar a minha bolsa e nesta organização aconteceu uma coisa que não vem ao caso...
A partir daqui começa a desgraça:
Ô caminhadinha desgramada do cão do 18º inferno banido da presença do satanás...
Pra vcs terem noção da pequena distancia percorrida, ela é apenasmente equivalente a caminhar do farol de cabo branco até a praia do Bessa. Pode parecer perto, mas vai caminhar isso com uma bolsa de 10kg nas costas e outra que devia ter mais ou menos o mesmo peso na mão pra tu ver como o coco é seco e a rapadura é dura...
Seu siriguejo dando uma voltinha na praia...
A caminhada parecia não ter mais fim. Quanto mais eu andava, mais os “cata-ventos” (usinas de geração eólica) ficavam longe. Parecia até que eles estavam fugindo de mim. Por sorte eu tinha decorado o percurso completo e me aliviava saber que eu estava “tantos” quilômetros mais próximo do destino.
Quando chegamos ao córrego que tem no meio do caminho (exatamente Km 5 do total de 10,5 Km), reencontramos com a galera que foi na frente e já estava lá fazia um bom tempo(bem meia hora... os caras estavam tomando banho no córrego, pra refrescar xD) e continuamos a maldita caminhada até o destino final.
Esta parte da caminhada foi definitivamente a pior de todas. Eu estava cerca de 20 kg mais gordo de bagagem (quando estava com a bolsa de comida na mão, que eu estava revezando com Jessica) e meu corpo não foi projetado pra isso. Conseqüência: meus pés doíam e eu não podia fazer nada se não chorar internamente como uma criança que quer ir pra casa antes de terminar a aula. O jeito era continuar andando e olhando pra frente... O que eu podia fazer? Voltar era mais longe. Se eu parasse ia ficar sozinho e chatear mais pessoas e não dava pra pedir pra um helicóptero me resgatar... O jeito foi fazer como o Bruce Lee (ou rocky, ou sei lá quem foi) disse: “ignorar a dor”. Mas oh peste insistente... O cara ignora e ela ainda vem agoniar, mas continuei andando (não sei como, mas continuei).
Chegando ao destino final (roxo, com um calão no pé e sem forças) eu tava tão apressado pra tirar a bolsa das costas como quem quer mijar e não consegue tirar o cinto, que chell foi quem tirou o nó que eu tinha dado nela, pra dividir o peso.
Armamos as barracas (deu trabalho) e a noite começou.Nada que eu fazia dava certo e eu estava odiando tudo aquilo. Eu não conseguia nem sequer acender uma bosta de um lampião caseiro e tudo que eu queria era que tudo mudasse da água pro vinho.
Foi justamente um vinho que resolveu (Martini Rosato). Depois de beber, nós (ou pelo menos eu) esquecemos os problemas e em determinado momento, eu, Richard, Jessica e Chell nos separamos do grupo e começamos a conversar assuntos diversos (sempre que se está no escuro e num local deserto, as pessoas começam a falar de óvnis e alienígenas, não sei pq...) e isso foi o que salvou a noite...
Acordei de manhã com a sauna barraca torrando no sol e depois fomos tomar banho no rio.
Em resumo, o rio é lindo e eu e Jéssica tiramos umas fotos (com a camerazinha digital... as da câmera boa só vão estar disponíveis quando eu revelar) e voltamos pra desarmar as barracas...
Chegando lá, o vento tava virado no tempero, que nem gritando “RAPADURA PRETA” ele passava. A barraca de Chell (que era minha) quebrou e nós a desmontamos primeiro. Neste tempo a minha barraca quebrou em duas partes (pra terminar de foder) e quase que voa com a minha namorada dentro. Desmontamo-la e fomos fazer a caminhada de volta.
Na volta o vento estava brutalmente forte contra a gente e em menos de 10 minutos de caminhada eu já tava puto com ele, com vontade de chorar feito um guri que perdeu a chupeta e não podia fazer nada se não andar... (to perdendo o saco de escrever).
Em resumo, nós voltamos “na manha do gato” pelo meio do mato, pq a areia não era fofa e lá tinha menos vento. Isso rendeu menos cansaço no final da história. Na segunda parte da vlta, eu e Jéssica estávamos sós na caminhada e pegamos muita chuva. Nos escondemos atrás de umas pedras até a chuva passar e depois continuamos a viagem.
Ao chegar no forte da baía (faltando 2 km ou 1,5 para o fim da caminhada pela praia) eu dei a Jéssica a idéia de abandonar a areia e ir pela cidade, pq era melhor de andar no calçamento do que na areia. Andamos 3 minutos e encontramos o pai de um amigo nosso, que tem uma pizzaria na baía. Paramos por lá, tomamos banho e conversamos bastante. Depois, descobrimos que o ônibus passava lá perto da pizzaria e o pegamos lá mesmo...
A viagem de volta foi tranqüila... o motorista só estava indo a mais de 120 por hora no ônibus lotado (umas 20 pessoas em pé) e ia capotando uma vez (geral gritou pra ele ir devagar). Fora isso foi tranqüilo...
Chegamos em JP, pegamos o ônibus pra CG, voltamos pra casa e fomos felizes...
Se amanhã fizer sol, eu vou lavar / consertar as barracas e guardá-las...
a parte 2 do são joão, vai ser postada na quarta-feira em horário indeterminado...